Pesquisa Aponta: 67% dos Pais Oferecem Alimentos Insdustrializados aos Filhos Antes do Primeiro Ano de Vida
Os pais estão trocando a alimentação saudável – e até mesmo a amamentação exclusiva – por alimentos ricos em gorduras e açúcares.
A conclusão é de uma pesquisa realizada pela disciplina de Nutrologia do Departamento de Pediatria da UNIFESP, com 270 pais de crianças freqüentadoras de berçários de creches públicas e filantrópicas da capital paulista.
Doce? Só o das frutas. Segundo Maysa, já foi comprovado, cientificamente, que a criança nasce com preferência ao sabor doce. Entretanto, o Ministério da Saúde recomenda que a adição de açúcar deve ser evitada nos dois primeiros anos de vida, pois, antes dessa fase, é desnecessária e só aumenta a incidência de cáries e o valor calórico da dieta, sem contribuir com conteúdo nutricional. Apesar do preconizado, a pesquisa mostra que, até os três meses de vida, 31% dos pais afirmaram ter oferecido açúcar ao filho; 49%, chás e, 18%, mel. Até os doze meses, esse número é mais alarmante ainda. O açúcar atinge o índice de 87%; o chá, 88%, e, o mel, 73%. “O uso precoce de açúcar faz parte de hábitos culturalmente estabelecidos e utilizados erroneamente pelas mães para ‘satisfazer’ o paladar da criança”, explica a nutricionista. “Um exemplo disso é o uso do mel, que é totalmente contra-indicado no primeiro ano de vida devido à imaturidade da flora intestinal e ao risco de favorecer as intoxicações alimentares causadas pelo bacilo Clostridium botulinum, responsável pela transmissão do botulismo intestinal”.Outro dado que chama a atenção é a idade com que as crianças começam a conhecer os refrigerantes: entre o primeiro e o sexto mês de vida, 12% delas já experimentaram. Até os noves meses, esse índice sobe para quase 20% e mais da metade (56,5%) já teve a bebida incluída no cardápio até o primeiro ano de vida.A nutricionista ressalta a importância de se manter a amamentação exclusiva até os seis meses de vida, sendo desnecessária a oferta de água, chás ou qualquer outro alimento sólido ou líquido. “Somente depois dos seis meses é que a criança está apta a receber, de forma lenta e gradual, outros alimentos adequados à idade, mas sempre mantendo o leite materno até, no mínimo, os dois anos de idade”, afirma. “Além dos refrigerantes possuírem açúcar, contêm corantes e aditivos químicos e, mesmo em ocasiões especiais, como festas e comemorações, a criança deve receber alimentação especialmente preparada para ela de forma caseira e balanceada, evitando a integração precoce a uma dieta pobre em nutrientes e hipercalórica”.